A variação dos preços dos combustíveis




Quando se fala nas flutuações do preço do etanol, há que se destacar a volatilidade do mesmo, o que ocorre justamente por conta de se tratar de recurso renovável dependente de safra e, neste sentido, da sazonalidade anual, já que os estoques existentes são insuficientes para manter o preço no momento de entre-safra ante a diminuição da oferta. Em sentido inverso, no momento da safra a entrada do produto se faz abundante e determina queda, o que ocorre normalmente no período de um mesmo ano. É algo diferente da gasolina e do diesel cujos estoques se associam a jazidas já existentes, e dependem antes da vontade dos produtores quanto à quantidade a ser produzida, segundo estratégia de preços liderada pela OPEP, é recurso esgotável, porém, a partir das reservas existentes passível de maior planejamento do preço. No caso do etanol, algo vem alterando os fundamentos do programa do álcool é a produção de carro flex, o que faz com que a nova frota não seja composta por veículos movidos a este ou aquele combustível, mas com a dupla capacidade de consumo, o que permite optar pelo uso de um ou outro, o que potencia o uso do álcool toda vez que ele compense com o preço o seu menor poder calórico frente à gasolina, o que na prática significa ele custar a partir (ou abaixo) de 70% da gasolina. Ora, isto cria um problema adicional, à medida que a produção de veículos flex for superior ao aumento da produção de álcool, isto porque associado aos 25% do mesmo acrescido a gasolina, se passa a ter um maior potencial de consumo do mesmo que acaba por pressionar o preço ante a oferta do combustível que não acompanha o crescimento da frota. Isto posto, o problema, deixa de ficar restrito à questão da sazonalidade, mas ligado a um planejamento de maior investimento na produção, já que o carro flex garante agora a existência do mercado, coisa que não ocorria antes quando os motores usavam ou outro combustível, que implicava a troca de uma motorização por outra e mudava a demanda. Agora a mudança é bem mais simples, trata-se de mera escolha frente à bomba de combustíveis do posto de gasolina, esta aliás é a tese de Sergio Prado, representante da ÚNICA (União da Indústria de Cana-de-Açucar) de Ribeirão Preto, que afirma haver descompasso entre a oferta do setor sucroalcooleiro e a oferta de carros flex no mercado. Seja lá como for a tendência no momento é de pensar em queda de preços dos combustíveis, não só do etanol, mas também da gasolina, nisto existe uma efetiva pressão da área monetária do governo que identifica as altas no setor como um dos principais focos a alimentar a recente a inflação. É o que afirma Edison Lobão, Ministro das Minas e Energia, afinal 25% da gasolina brasileira é composta de etanol, de modo que a queda do mesmo deve reduzir o preço, da mesma forma que elevou quando este subiu, algo de 8 a 10% no preço final da gasolina. Que os bons ventos da safra levem para longe parte da agonia dos nossos bolsos.

01 de julho de 2011

Gilberto Brandão Marcon

Professor da UNIFAE, centro universitário em São João da Boa Vista-SP. Ex-Presidente do IPEFAE (2007/2009). Economista pela UNICAMP, pós-graduado em Economia de Empresas UNIFAE, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação pela UNIMARCO. Doutorando em Educação pela UNIMEP Comentarista Econômico da TV UNIÂO. por quatro anos. Membro da Academia de Letras de São João da Boa Vista-SP, Cadeira nº06, Patrono Mario Quintana.

O ranking das doenças no Brasil




Recente pesquisa que produziu dados citados em estudos sobre o Brasil, foi publicada em 09/05/2011 no periódico médico "Lancet" no que tange as consequências das mudanças recentes de hábitos em torno da saúde dos brasileiros, que ficaram em média mais velhos e que se aprofundaram no modo de vida urbano, o que implicou diretamente o aumento do problema da obesidade. Se até bem pouco tempo lideravam as doenças cardiovasculares, no encurtamento ou redução da qualidade de vida dos citados a pesquisa atual mostra que assumiu a ponta os transtornos psiquiátricos, a estes relacionados dois aspectos: a depressão e o alcoolismo. Sendo mais específico, o cálculo atual indica que os problemas psiquiátricos foram responsáveis por 19% dos anos perdidos, para estes contribuindo diretamente a depressão, psicoses e a dependência de álcool. A situação fica mais crítica à medida que dados adicionais demonstram que 18% a 30% dos brasileiros já apresentaram sintomas de depressão. Outras doenças que atualmente se apresentam como emergentes são: diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer, como o de mama. Estas estão associadas a mudanças no padrão alimentar, onde se destaca o aumento do consumo de produtos ricos em sódio. Seguem neste ranking pouco estimulante as doenças cardiovasculares, responsáveis por 13% dos anos perdidos e em sequência as doenças respiratórias, os cânceres, as doenças musculoesqueléticas e depois o diabetes. A boa notícia é que houve redução relativa das doenças respiratórias, o que é explicado pela redução do número de fumantes. Mas se um hábito ruim se reduz, lamentavelmente um outro vem se expandindo, trata-se da dependência de álcool, que neste caso parece fazer parte de mudanças no estilo de vida do brasileiro, já que pesquisas recentes do Ministério da Saúde denunciam um aumento abusivo no consumo de bebidas, o que por seu lado, como já foi dito, contribui para o aumento da depressão. É claro que neste caso há que se pesarem os aspectos da dependência química, mas também é bom lembrar que o combate ao habito de fumar é bem mais intenso que o de bebidas alcoólicas. A hipótese de um estar atuando como substitutivo do outro, em certa proporção, não pode ser descartada. A solução para enfrentar essa nova hierarquia de desafios, em relação às doenças psiquiátricas, segundo o atual Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, seria a de expandir os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e aumentar o número de leitos para internações de curto prazo. A população torce por isto, pois o fato é que a prestação de serviço público de saúde vem se caracterizando por coisas tais, como a dificuldade em ser atendido e a fila para resolver o problema. Pena que a doença por vezes não saiba ter paciência.

Gilberto Brandão Marcon

Professor da UNIFAE, centro universitário em São João da Boa Vista-SP. Ex-Presidente do IPEFAE (2007/2009). Economista pela UNICAMP, pós-graduado em Economia de Empresas UNIFAE, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação pela UNIMARCO. Doutorando em Educação pela UNIMEP Comentarista Econômico da TV UNIÂO. Membro da Academia de Letras de São João da Boa Vista-SP, Cadeira nº06, Patrono Mario Quintana.

29 de junho de 2011

O investimento externo direto no Brasil em 2010




Em macroeconomia se ensina que o gasto nobre é o investimento, pois decorre dele o aumento da capacidade produtiva da economia, além de atuar como multiplicador da renda e ser o principal responsável pela flutuação do emprego. O ponto de partida necessário para o investimento é a poupança, e neste sentido, no que tange ao Brasil, a poupança interna tem sido insuficiente, comprometendo o investimento privado. De outro lado o investimento público se faz urgente, o setor público até tem planejado e falado muito do assunto, mas falta que estes saiam do projeto para o plano concreto. Uma informação tendo por origem a CEPAL causa surpresa aos menos otimistas. Trata-se do crescimento do investimento externo direto (IED) no Brasil, ou seja, o aumento de recursos que entram no país provenientes de outros países objetivando instalar aqui estruturas produtivas. São recursos que passam a ter endereço no país e contribuir com o crescimento do mesmo, e isto ganha maior importância ao considerar-se que o IED nos países desenvolvidos em geral foi negativo em -7%, em tendência inversa dos países em desenvolvimento, com acréscimo de 10%. É claro que no futuro estes investimentos externos implicarão nas remessas de lucros futuros, entretanto, até lá, e mesmo depois o pais continuará se beneficiando. No caso do Brasil o que houve foi um crescimento de 87% dos recursos entre do ano de 2009 para o ano de 2010. Considerada toda a América Latina, o Brasil liderou o ranking de recepção de tais recursos mostrado-se como principal pólo de atração da região.. Foram 48,40 bilhões de dólares (ou R$ 76,90 bilhões). Em segundo lugar veio o México com US$ 17,7 bilhões; é pouco, mais de 1/3 do recebido pelo Brasil. Em terceiro o Chile com US$15,10, em quarto o Peru com US$ 7,3 bilhões, em quinto a Colômbia com US$ 6,8 bilhões e em sexto, surpreendendo negativamente, a Argentina com US$ 6,2 bilhões. Em sentido inverso Brasil e México mostrando a força das suas economias foram os que mais investiram em outros países, neste caso os mexicanos que lideram com US$12,70 bilhões, secundado de perto pelo Brasil com US$ 11,50 bilhões, o que mostra que as empresas transnacionais destes países estão vigorosas. Dos que investiram na região liderou o EUA com 17% dos IED recebidos em 2010, seguido pelos Países Baixos com 13% do total e em terceiro a China com 9%, porém com uma clara tendência de ascensão. Por fim seguem Canadá e Espanha com 4% cada. O indicador mostra confiança internacional no Brasil, e por conta disto é que se faz cada vez mais necessário ajustar o país para manter as expectativas favoráveis, no sentido de que tal fluxo de recursos efetivamente necessários e bem-vindos continue contribuindo para o desenvolvimento do país.

08 de julho de 2011

Gilberto Brandão Marcon
Professor da UNIFAE, centro universitário em São João da Boa Vista-SP. Ex-Presidente do IPEFAE (2007/2009). Economista pela UNICAMP, pós-graduado em Economia de Empresas UNIFAE, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação pela UNIMARCO. Doutorando em Educação pela UNIMEP Comentarista Econômico da TV UNIÂO. Membro da Academia de Letras de São João da Boa Vista-SP, Cadeira nº06, Patrono Mario Quintana.