Taxa de Inadimplência: Beneficiando os Maus Pagadores

Um instrumento importante para a economia é a apuração da Taxa de Inadimplência, que a princípio se trata de um levantamento quantitativo no sentido de se medir, dentre o crédito concedido, o quanto esta não está sendo paga. Neste sentido tal informação permite, no plano macroeconômico, por vezes supor alterações na produção e na renda, por quanto do aumento da inadimplência. Entretanto, é sempre bom estar atento à questão de se ser bom ou mal pagador não envolve apenas a possibilidade de pagamento e de renda disponível para tanto, mas um aspecto na área psicológica, assim como cultural e social, e neste caso, antes de haver renda há que ter a intenção e vontade de pagar do devedor.
O que quero dizer é a avaliação puramente quantitativa deste índice e sua ligação às variáveis macroeconômicas. Depende de se consagrar a hipótese de que quem tem renda efetiva irá pagar. Mais do que isto, também se associa a aspectos sócio-culturais a educação financeira, ou seja, também a má administração dos recursos pode gerar a inadimplência, o que novamente desprega o fator inadimplência da questão renda, ou pelo menos interfere na sua ligação direta.
Mas então a quem serve a avaliação na área exclusivamente quantitativa? A resposta está no plano micro, pois evidentemente atua a favor daquele que oferece crédito à medida que permite avaliar o risco, e por que não dizer incorporá-lo ao preço do dinheiro a ser ofertado? E então, novamente retomando uma visão de amplitude macro, observa-se que de modo geral todos pagarão por aqueles que não pagam, ou seja, a responsabilidade individual acaba acobertada e pulverizada na sociedade como um todo. E neste sentido a Taxa de Inadimplência tem uso efetivo que antes beneficia quem empresta e quem não paga, em desfavor de quem paga em dia as suas contas.
O modo de corrigir esta questão é se aprofundar na questão da inadimplência, com uma atuação qualitativa, no sentido de quem paga e quem não paga. Neste sentido é que o Cadastro Positivo e individualizado beneficiaria o bom pagador e atuaria de forma a promover restrições ao mau pagador. Não se trata de perseguir alguém ou coisa parecida, mas adequar o custo à ação individual.
Neste sentido se pode acusar que isto seria algo preconceituoso, e então questiono, pois à medida que a Taxa Inadimplência é utilizada para ponderar o risco, o tal preconceito já tem preço e é pago por quem não cria razões para ele existir, enquanto quem o produz fica oculto em meio à massa, ou seja, possivelmente a Taxa de Inadimplência do mau pagador é superior a esta taxa geral, ou seja, ele de fato acaba se beneficiando com uma taxa mais baixa por conta daqueles que pagam em dia. Em sentido inverso ele se beneficia ao invés de sofrer restrição.
Ainda quanto à questão do preconceito, haverá aquele que defenda que a medida seria restritiva aos mais pobres e deixaria de fora os mais ricos, a que então argumento: preconceito é supor que o pobre seja pior pagador do que o rico; o que ocorre é que este efetivamente por ter renda menor, a princípio teria mais probabilidade de não pagar do que quem tem renda maior. Isto se novamente apenas se avaliasse a questão de modo quantitativo, entretanto, basta colocar um aspecto qualitativo e cultural: o pobre sabe que seu principal patrimônio é o nome. O fato é que entre ricos e pobres, existem bons e maus pagadores, o por ser assim o procedimento adequado deveria ser premiado, enquanto o inadequado restrito.Crédito mais barato para quem paga em dia suas contas, crédito mais caro, ou sem crédito para quem não paga, pois a situação inversa, conforme observamos acima, só beneficia aquele que oferta o crédito e o mau pagador.
A questão da inadimplência deveria ser melhor estudada, e até aprofundada. Até mesmo o mau pagador gosta de lidar com bom pagador. Se existe o problema social, não se podem desprezar os aspectos psico-sócio-culturais. No mais, a questão social não será resolvida ocultando os que não pagam e transferindo a conta para os que pagam.
Entretanto, pelo momento, segundo dados do SERASA Experian, o que se tem é que a inadimplência aumentou em 8,6% nos dois primeiros meses de 2009. Porém, se considerarmos fevereiro em relação a janeiro, apenas haverá redução de 8,9%, embora se compararmos com o mesmo mês do ano de 2008 tenhamos acréscimo de 4,5%, tendo por fato já identificado o desaquecimento econômico e o aumento do desemprego no último trimestre e seus reflexos, de onde se pode especular a ligação entre as duas situações.
Do total da inadimplência nos dois primeiros meses, 43,4% é com os bancos, 37% com cartões de crédito e financeiras, 17,7% com cheques devolvidos e 1,9% de títulos protestados. Respectivamente, em média, R$ 1.371,13, R$ 357,07, R$ 823,15 e R$1050,90. São valores médios que não fazem acreditar que o mau pagador esteja associado apenas à sua renda, ou seja, em havendo tal valor concedido de crédito é de se supor que houve triagem financeira. Não me parece que uma pessoa efetivamente de poucos recursos conseguisse fazer tamanha dívida junto ao setor financeiro, que de bobo não tem nada.
Enfim, por um cadastro individual, para beneficiar quem tem bons hábitos e controle financeiro e para induzir a adquirir o costume de pagar em dia, e de autocontrole para os maus pagadores.
27 de março de 2009
Gilberto Brandão Marcon, Professor da UNIFAE, Presidente do IPEFAE, Economista, pós-graduado em Economia de Empresas, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação.
A Crise nos EUA e Suas Consequências no Brasil

Tentar entender as conseqüências da crise internacional em torno do Brasil implica fazer uma dupla avaliação, onde se poderia dividir a questão em frente interna e frente externa, e buscar concluir a partir da interação de ambas as vertentes.
O ponto inicial é definir o foco emissor da crise, e neste caso se pode afirmar que este se deu na frente externa, ou seja, em algum sentido estamos importando compulsoriamente a crise atual. A onda deletéria fez estágio na economia norte- americana antes de se por em movimento pelas praias de todo mundo. A questão é que este foco é dinâmico e continua a irradiar, ou seja, não se trata de algo que surgiu e desapareceu, pelo contrário, não apenas se expandiu pelo mundo como se realimentou entre os muros dos EUA, de forma que se aprofundou em onda recessiva, provocando o esfriamento da citada economia.
Não se trata de uma economia qualquer, mas da maior do mundo, espécie de motor do planeta do capital globalizado, hoje sob o novo comando de Barack Obama, que encontra eco no eleitorado, onde 63% dele aprovam suas medidas. Dentre estas, a aprovação de um super-pacote de dinheiro público a ser colocado na economia, no valor de U$ 780 bilhões. Aprovado no Congresso, porém tem pela frente fantasmas barulhentos como os 2,2 trilhões de dólares em créditos podres que infestam seu sistema financeiro, uma perda de 3,6 milhões de postos de trabalho desde o início da recessão, em dezembro de 2007, o que se reflete no número recorde de pedidos de seguro- desemprego, em torno de 5 milhões neste março de 2009, acusando o maior nível de desemprego desde 1983, uma taxa de desocupação de 8,1%.
Trata-se um processo de empobrecimento que nos últimos 15 meses corroeu da população norte-americana algo em torno de US$ 16,5 trilhões da riqueza disponível entre as famílias, que num comparativo equivale a montante pouco superior ao que os EUA produzem em um ano, o que seria o equivalente a quase 13 PIBs do Brasil. O desastre poupou as grandes fortunas, como a do dono da Microsoft, Bill Gattes que perdeu aproximadamente US$ 12 bilhões (em torno de R$ 28 bilhões). Dentre os ricos encabeça a lista Sheldon Adelson, empresário do setor imobiliário e de cassinos, que viu pulverizar 93% do seu patrimônio, perdas de US$ 30 bilhões (cerca de R$ 70 bilhões), se computadas até o mês de novembro de 2008.
Grandes soluções, grandes problemas, assim parece a notícia que antes serviria para nutrir a tradição do primeiro de abril, o dia da mentira: o super-conglomerado General Motors, símbolo do capitalismo sobre quatro rodas, em risco de falência, mesmo depois de receber um socorro com recursos públicos na ordem de US$ 13,4 bilhões, que vem de um biênio de prejuízos, 2007 e 2008, respectivamente, US$ 38,7 bilhões e US$ 30,9 bilhões; o pior e o segundo pior prejuízo, desde sua fundação há 100 anos.
Eis a atual situação do motor econômico do planeta. Vai mal, precisa de enormes reparos, e enquanto o conserto não produz resultado o mundo se realimenta com esta crise. E em que pese nestas horas se querer não estar presente e participar de indesejado evento, o Brasil não conseguiu escapar deste grande encolhimento do mercado internacional, e neste sentido é que se pode analisar sua frente interna, contaminada a partir se sua inter-relação com as demais economias.
Por aqui a crise aportou no último trimestre de 2008; desde então, a partir de dados do CAGED, o mercado formal desde novembro último perdeu 797,5 mil empregos, para um total de 30 milhões de brasileiros com carteira assinada. Tais dados encontram eco em outros do IBGE que apontam que houve acréscimo de 20,6% no contingente de desempregados de dezembro a janeiro, com a taxa de desemprego saltando de 6,8% para 8,4% da população, de modo que a população desempregada passou de 1,6 para 1,9 milhões (em seis áreas metropolitanas pesquisadas).
A situação do emprego do trabalho ratifica dados do IBGE referentes à produção que informou que a economia brasileira teve, no quarto trimestre de 2008 em relação ao terceiro, uma queda no PIB de 3,6%, que se trata do maior recuo da série histórica iniciada em 1996, ou seja, em 12 anos, o que é parte decorrente do esfriamento da economia interna, em parte por conta do desaquecimento da economia global e sua influência sobre o saldo da Balança Comercial.
Contribuiu de modo direto em torno de tais indicadores a retração do crédito para o mercado interno brasileiro, que por seu lado decorreu da crise de confiança que se proliferou a partir de intensificação do fator aversão ao risco que se proliferou retendo, assim, recursos antes disponíveis para crédito, tornando os fornecedores de crédito mais exigentes em relação às condições de empréstimo para os tomadores, tais como a diminuição do prazo almejando reduzir risco. Outra decorrência foi um aumento da taxa de juros por conta da escassez inerente não à falta de recursos, mas ao aumento da aversão ao risco de emprestá-lo. Seja como for, inibiu um dos principais fatores que contribui para o recente crescimento econômico, a expansão do crédito.
Por fim, há que se avaliar que no mundo globalizado ligado pela rede mundial as informações têm um fluxo muito rápido, e a crise tende a se refletir cada vez com maior rapidez. Entretanto, cabe destacar o papel crescente da intervenção do gestor público, e a retomada da concepção da importância da atuação do Estado na economia. O fato é que se hoje não temos uma repetição de 1929 é porque houve uma profunda evolução teórica e prática na atuação da gestão pública, pois esta tem sido e haverá de ser o fator diferenciador na redução dos efeitos deletérios da atual crise, assim como será o possível catalisador que conduzirá a economia na direção de nova onda expansiva.
24 de março de 2009
Gilberto Brandão Marcon, Professor da UNIFAE, Presidente do IPEFAE, Economista, pós-graduado em Economia de Empresas, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação.
Seguro Desemprego: Os Limites dos seus Benefícios

A crise atual vem afetando o emprego do trabalho, o que se reflete no aumento do índice de desemprego calculado pelo IBGE para o período de variação entre dezembro a janeiro, que implicou um salto de 6,8% para 8,4% da população. Reflexo claro de tal circunstância, o volume de pedidos de seguro-desemprego no Brasil bateu recorde de pedidos em janeiro para pagamento em fevereiro de 2009, subindo significativos 25% quando comparado ao mesmo período no ano anterior. Em termos de valor total pago foi R$ 1,4 bilhão em fevereiro último, um acréscimo de 19% em relação ao mesmo mês no ano anterior, reflexo da queda de produção do último trimestre de 2008, com queda do PIB de 3,6% em relação ao trimestre anterior, a maior desde que a série histórica passou a ser calculada em 1996.
O seguro-desemprego se destaca dentre as medidas que atuam tendo em vista atenuar a situação, à medida que visa promover assistência financeira temporária àquele que foi demitido sem justa causa, e que tenha recebido consecutivos salários no período de 6 meses que antecederam a data da sua demissão, ou ainda se tiver sido empregado de pessoa jurídica por pelo menos 6 meses nos últimos 6 meses. Às condicionantes anteriores agregam-se outras duas: não possuir renda própria para prover a si e sua família, além de não estar sob outro benefício de prestação continuada junto à Previdência Social, com exceção a pensão por morte ou auxílio-acidente, conforme informa o site da Caixa Econômica Federal.
O seguro-desemprego surgiu no Brasil previsto na Constituição de 1946, porém somente foi introduzido e regulamentado em 1986, tendo recebido fonte de custeio definitiva em 1990 quando da instituição do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, o que acabou por contribuir para determinar não apenas mudanças no cálculo dos valores do benefício, mas ajudou também a melhorar a acessibilidade ao mesmo.
É importante observar tal medida sob o âmbito micro e macroeconômico. No que tange o plano micro, portanto do indivíduo desempregado em questão, trata-se de um efetivo socorro sob a forma de renda direta, é certo que condicionado ao menor valor equivalente a um salário mínimo e atualmente para março de 2009, tendo por teto a quantia de R$ 776,46 que haverá de ser paga em parcelas, cujo número dependerá do tempo de registro, dentro dos respectivos prazos de 6 a 11 meses, para 3 parcelas; de 12 a 23 meses, para 4 parcelas e de 24 a 36 meses, para 5 parcelas, regra estabelecida a partir de 1994.
De antemão há que se colocar que tal assistência se ajustará melhor para os trabalhadores que recebem em torno da faixa salarial das citadas parcelas, ou seja, quanto maior for o salário maior será a defasagem de renda do desempregado, para ter uma idéia o rendimento médio do trabalhador brasileiro em dezembro de 2008 era de R$ 1.284,90, o que implica dizer que de modo geral o Seguro Desemprego consegue apenas cobrir parte da renda durante o período em que é pago, ainda assim é uma solução relativa de grande valor.
Outro aspecto ainda a ser observado em relação à cobertura dada pelo seguro-desemprego é o tempo de recolocação e número de parcelas pagas. Neste sentido quanto mais próximo o número em torno de período onde se busca emprego, melhor será a assistência produzida pelo mesmo.
Já quanto ao aspecto macroeconômico, o desemprego do trabalho atuará diretamente sobre o consumo afetando os segmentos produtivos que o atendem. Neste caso, o seguro-desemprego, embora não seja um substitutivo integral da renda que desapareceu do mercado juntamente com o emprego, consegue atuar como fator minimizador no que tange a queda do consumo da economia como um todo, evitando uma maior queda de produção.
Enfim, trata-se de um benefício que não apenas atende à solução individual, mas também contribui para um melhor funcionamento da economia ao evitar uma maior queda na renda voltada ao consumo.
23 de março de 2009
Gilberto Brandão Marcon,Professor da UNIFAE, Presidente do IPEFAE, Economista, pós-graduado em Economia de Empresas, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação.
Produção de Commodities - A Reengenharia do Crédito para o Agronegócio

Nosso país iniciou, na década de 70, uma nova era da agropecuária, quando as áreas de cerrado brasileiro começaram a ser exploradas de modo empresarial. O uso de novas tecnologias proporcionou ganhos de produtividade e eficiência. Essa revolução agrícola foi o embrião do que chamamos de agronegócio brasileiro.
Podemos dizer que agronegócio é toda relação comercial e industrial que envolve a cadeia produtiva agrícola e pecuária; é um termo bastante abrangente e sua importância para o Brasil pode ser avaliada pela participação de 25% no PIB total.
Nossa área agricultável disponível é bastante significativa, estimada em 152,5 milhões de hectares (17,9% do território), e é invejada mundo afora; mas apenas 62,5 milhões de hectares (41% da área total disponível) são utilizadas.
Com esses números, podemos afirmar que o Brasil tem plenas condições de se transformar em um dos principais produtores e exportadores mundiais de commodities agrícolas, graças a essa incrível quantidade de área agricultável disponível, aos baixos custos de produção e de mão-de-obra e também a um sistema jurídico e político que procura incentivar a agropecuária.
Ainda que com muitos problemas, o Brasil tem tido um bom crescimento do agronegócio e tem condições plenas, a médio prazo, de crescer ainda mais, dobrar a capacidade produtiva e conquistar o domínio da maioria dos mercados de commodities mundial.
Para que essa meta se concretize é necessário que todos da cadeia produtiva se encaixem em uma nova realidade do setor agropecuário.
Temos que abrir uma ampla discussão sobre o impacto do crédito agrícola no crescimento do agronegócio e propor uma reengenharia no processo de estruturação das operações financeiras rurais.
A solução, com certeza, começa com um crédito rural planejado. O crédito rural é resumidamente o fornecimento de recursos financeiros por entidades públicas ou estabelecimentos de crédito particulares a produtores rurais com a finalidade de promover o agronegócio. Uma definição simples, porém devido às particularidades da agropecuária brasileira, as operações de crédito rural muitas vezes entram em uma situação de risco alto demais para o setor financeiro.
As operações de crédito rural, uma vez modernizadas, adequadas aos padrões internacionais e distribuídas planejadamente, poderão direcionar um crescimento ordenado de todos os setores agrícolas.
Novos títulos têm sido desenvolvidos para financiar as operações de crédito rural, mas essas linhas criadas até agora têm se mostrado insuficientes para atender toda a demanda e promover um crescimento ordenado e sustentado no Brasil.
Há que se destacar que o comércio global de commodities agrícolas se expandiu consideravelmente nos últimos anos e acabou proporcionando um grande movimento especulativo nesses mercados.
Esse aumento do comércio mundial fez surgirem grandes oportunidades, porém com grandes riscos, em todos os elos da cadeia de suprimentos de produtos como açúcar, algodão, etanol, soja, suco e café.
Este novo cenário pede mudanças nas transações financeiras agrícolas em todos os setores do mercado de commodities. É extremamente necessário que um novo projeto seja desenvolvido para organizar e simplificar o financiamento do agronegócio, criando alternativas estruturadas para minimizar o impacto da variação cambial, definindo regras claras e eficientes para arbitragem e resolução de disputa, fazendo com que as implicações jurídicas e regulatórias das transações comerciais que envolvem as commodities agrícolas não obstruam a busca da liderança do Brasil no agronegócio mundial.
O governo federal, que conhece bem a importância do agronegócio para o Brasil, está atento e, segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento , Reinhold Stephanes, formou no dia 16-12-2008 um grupo de especialistas para formular uma nova política de crédito para o setor rural. Segundo Stephanes, o atual modelo está esgotado e, para garantir o futuro da produção agrícola, é necessário reestruturar as políticas de crédito e de preços e o seguro rural.
22 de março de 2009
Autor: Guilherme Carvalho de Noronha
Agropecuarista e Graduando do 4º Ano de Ciências Econômicas do UNIFAE
Coautor e Orientador: Gilberto Brandão Marcon
Professor da UNIFAE, Presidente do IPEFAE, Economista, pós-graduado em Economia de Empresas, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação.
Concentração Bancária : A Fusão Unibanco com o Itaú

A crise financeira que estourou a partir do segundo semestre de dois mil e oito, além de ter gerado enormes prejuízos nos mais variados setores econômicos, também gerou uma enorme mudança nos segmentos financeiros. Um exemplo disso foram os grandes números de fusões ou aquisições ocorridas entre os bancos. Caso recente no Brasil foi a fusão do Unibanco com o Itaú e no mundo a compra do banco de investimento americano Merrill Lynch pelo Bank of América.
Aparentemente situações similares, o fato é que temos dois conceitos distintos, um antes da crise onde os bancos compravam ou se fundiam com os concorrentes graças à fartura de capital barato e do otimismo gerado pelo crescimento sem precedentes da economia mundial, e o outro com a crise cuja preocupação passou a ser o medo do colapso do sistema bancário mundial. No primeiro caso a concentração visa antes à expansão, enquanto no segundo, o foco está na sobrevivência dos confrontos de mercado.
Mas nosso foco será direcionado na análise do surgimento do megabanco brasileiro sendo comentado o ponto de vista no conceito pré-crise. Afinal a fusão do Unibanco com o banco Itaú teve como objetivo mais do que uma reestruturação do mercado bancário, a negociação concretizada pela família Setúbal (banco Itaú) tem como foco ser um dos primeiros do ranking mundial, onde atualmente se encontra na 16ª posição com valor de mercado na casa dos US$ 45 bilhões, ainda longe de grupos como o espanhol Santander, 9º no ranking e com valor de mercado na casa dos US$ 67 bilhões, ou do grupo americano Bank of América, 5º no ranking e com valor de mercado na casa dos US$ 118 bilhões, segundo informações da Bloomberg e Thomson Reuters.
No entanto, o surgimento deste megabanco brasileiro não chegou a provocar no mercado internacional uma inquietação, pois o grupo tem no exterior apenas uma parcela modesta dos seus ativos, cerca de 8%. Mas para o presidente do Itaú, Roberto Setúbal, o banco adquiriu uma importante base de capital que servirá para crescer e comprar novos bancos no exterior, além do mais, a missão agora deste megabanco será ter espaço nos países emergentes.
Porém, a princípio o crescimento dar-se-á em alguns países da América Latina, tais como: México, Colômbia, Argentina, Peru e Chile.
Já com relação ao mercado nacional, o fato produziu efetiva movimentação, afinal o grupo Itaú Unibanco passou a ser o primeiro no ranking nacional dominando juntos 20% dos ativos do mercado. Aqui dentro a inquietação foi grande, visto que após a fusão ter sido anunciada, o banco Santander reuniu seus funcionários e já começou a traçar metas e objetivos, e ainda um pacote de investimentos no valor R$ 2,6 bilhões para os dois anos seguintes, cuja meta, é claro, será passar o Itaú.
O Bradesco, que antes ocupava o primeiro lugar deste ranking, ficou sem muitas opções de compra, pois o governo federal acabou por abocanhar a sua melhor oportunidade de compra, que foi a aquisição do banco estadual Nossa Caixa pelo Banco do Brasil.
Todos estes confrontos na tentativa de ser o primeiro no ranking e de extinguir a concorrência faz com que os grandes bancos possam, através das respectivas políticas oligopolísticas, estabelecer um alto patamar de taxas de juros, assim como cobrarem caro os serviços por eles ofertados, prejudicando e gerando decepção por parte dos usuários que, na ausência de maior concorrência, acabarão por se tornar reféns destas instituições.
Exemplo disto verifica-se nas agências de telefonia, quando atuam em mercado com estrutura similar, impondo aos usuários a submissão, mesmo quando estas ferem claramente os seus interesses. Do mesmo modo ocorre com os bancos, não sendo por acaso os dois setores citados serem líderes de reclamações junto ao PROCON.
Portanto, é preciso que o gestor público esteja atento para tal situação, de forma a evitar que a tendência contínua de concentração acabe por criar um consumidor indefeso, contrariando, desta forma, o sagrado exercício da cidadania.
21 de março de 2009
Autor: Anor dos Santos Teixeira
Graduando do 4º ano de Ciências Econômicas.
Coautor e Orientador: Gilberto Brandão Marcon
Professor da UNIFAE, Presidente do IPEFAE, Economista, pós-graduado em Economia de Empresas, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação.
Energia Verde: Alternativa aos Combustíveis Fósseis

Os investimentos nos últimos anos em energias renováveis não são por acaso, e sim, a princípio, por necessidade. Por decorrência dos avanços na indústria, houve uma necessidade cada vez maior de se utilizarem combustíveis fósseis como força motriz para alimentar esse crescimento no setor industrial, resultando em um aumento da produção e consequentemente em um aumento nas receitas dos países.
Com o passar dos anos, a Terra passou por inúmeras mudanças, no que tange o desaparecimento dos recursos minerais e a poluição da água e do ar. Os reflexos dessas modificações recaem sobre violentas mudanças climáticas, tais como tempestades, furacões, enchentes e o desaparecimento de espécies tanto da fauna quanto da flora. Esses fenômenos fizeram com que a população mundial parasse e repensasse o conceito da exploração predatória dos recursos minerais.
O século XX foi considerado por muitos como o século dos combustíveis fósseis, com descobertas de vários derivados da queima do petróleo. Houve com isso um “boom” no setor de exploração do petróleo, onde em quase todos os cantos do planeta Terra podia se encontrar uma jazida do chamado “ouro negro”. Por causa dessa abundância do recurso energético, as pessoas acreditavam que o petróleo seria suficiente para abastecer os países por milhares de anos. Foi aí que não tiveram a preocupação de se ter o conhecimento da real quantidade de reservas no planeta, já que essa fonte de energia é finita e a previsão dos mais otimistas é de que as jazidas atuais existentes de petróleo sejam suficientes para, pelo menos, mais 40 anos.
Por isso, muitos estão considerando o século XXI como o da “energia limpa”, e o século com a maior quantidade de pesquisas na área de energia renovável. Um dos eventos mais conhecidos para tratar desse assunto foi o Protocolo de Kyoto que, preocupado com a escassez dos recursos energéticos fósseis, propôs aos países desenvolvidos e subdesenvolvidos assinarem um acordo, comprometendo-se a reduzir a emissão de gases poluentes e, consequentemente, reduzindo o uso dos combustíveis fósseis.
Tendo em vista a possibilidade de esgotamento dos recursos naturais, e considerando a necessidade cada vez maior de produção, passou-se a ter o cuidado de mensurar, estabelecer valores para os recursos ambientais. Os países, visando esse controle da escassez dos recursos energéticos, adotaram políticas de pesquisas para o desenvolvimento de energias alternativas, as chamadas energias renováveis. As vantagens obtidas com a energia renovável são de assegurar a disponibilidade de energia a longo prazo. A energia renovável não só soluciona os problemas ambientais, como também contribui para o desenvolvimento de novas tecnologias, mais eficientes e que não contribuam para o esgotamento dos recursos energéticos. Sem dúvida, o grande desafio do mundo no século XXI é promover o desenvolvimento sustentável, visando novas fontes de energia renovável e um melhor aproveitamento dos recursos minerais disponíveis.
20 de março de 2009
Autor: César Augusto Valim Moreira
Graduando do 4º Ano em Ciências Econômicas - UNIFAE
Coautor e Orientador: Gilberto Brandão Marcon
Professor da UNIFAE, Presidente do IPEFAE, Economista, pós-graduado em Economia de Empresas, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação.
Biodiesel Brasileiro: "Levantar Âncoras!"
O Brasil detém um papel relevante na produção de biocombustíveis – combustíveis líquidos ou gasosos originados da biomassa que podem complementar ou substituir aqueles derivados do petróleo - e, dentre eles, está o Biodiesel. O País possui condições favoráveis como vastas áreas agricultáveis, aspectos climáticos positivos, uma grande variedade de matérias-primas e certo grau de desenvolvimento tecnológico. Tais qualidades fazem do Brasil um dos maiores produtos de Biodiesel no mundo: uma produção estimada em 2,5 bilhões de litros por ano – quantidade que vem aumentando gradativamente.
Entretanto, existem alguns gargalos, os quais atingem tanto a esfera social quanto a econômica, a ambiental, como também a de tecnologia. Estas deficiências devem ser minimizadas a fim de tornar a produção do Biodiesel brasileiro mais sustentável e, desta forma, propiciar ao País uma maior supremacia no tocante à geração de fontes de energias renováveis.
No que diz respeito aos problemas sociais a serem superados, destaca-se a centralização da produção de matérias-primas suscetíveis à fabricação de Biodiesel (principalmente a soja) nas mãos de grandes proprietários, o que dificulta a inclusão social das pequenas famílias, desfavorecendo a distribuição de renda. Outro ponto a ser revisto são as condições de trabalho que vários trabalhadores rurais são submetidos - muitas vezes em regimes equiparados à escravidão - durante o cultivo e o trato das lavouras de soja e algodão, por exemplo.
Na questão econômica a principal discussão está em torno da concorrência entre o plantio de matérias-primas destinadas à produção de biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, com plantações cuja finalidade seria o suprimento direto ou indireto do consumo humano (alimentação). Em outras palavras, especula-se se os produtores destinarão suas áreas agrícolas para explorar culturas específicas ao desenvolvimento de combustíveis ou se estas serão orientadas para a produção de alimentos.
Outro ponto a ser analisado é que atualmente 80% de todo o Biodiesel produzido provém da soja e tal dependência desse grão pode promover o deslocamento de outras atividades para zonas de preservação ambiental, como é o caso da pecuária, provocando a degradação do meio ambiente. Portanto, existe a necessidade de se desenvolver melhor a cadeia produtiva, buscando outras alternativas, como é o caso do pinhão manso – uma planta que se adapta bem a regiões pouco férteis e que chega a produzir praticamente o dobro de óleo se comparado à soja.
A Lei nº 11.097, criada em 13 de janeiro de 2005, estabelece que uma porcentagem mínima de Biodiesel seja obrigatoriamente adicionada ao óleo diesel convencional. Hoje tem-se a adição de 2%, o chamado B2, e, a partir de 2013, esse valor passará para 5%. Tais porcentagens são relativamente baixas, tanto que não exigem nenhum tipo de alteração nos motores atuais. Assim, uma evolução tecnológica que vise a modernização dos motores movidos a diesel para que estes suportem uma mistura maior do Biodiesel será muito bem vinda.
A falta de informação e aperfeiçoamento por parte dos produtores também é outra deficiência a ser superada. A carência de conhecimento na exploração de outras culturas, como o pinhão manso, já citado, dificulta a evolução do Biodiesel, uma vez que o manejo inadequado pode levar a uma produção aquém da ideal e, desta forma, desestimular o agricultor em optar por matérias-primas alternativas. Além disso, o aperfeiçoamento das técnicas de produção do óleo por parte das usinas também deve ser visto como um fator primordial para alavancar a quantidade produzida, isto é, maximizar a produtividade.
Investimentos públicos e privados certamente serão o principal elemento na manutenção/melhoria da situação em que se encontra o Brasil, como potencial produtor do Biodiesel. Tais investimentos vão desde aspectos de modernização da atual infra-estrutura, ampliação dos estudos nas áreas de produção e do próprio consumo do Biodiesel. Uma fiscalização mais eficaz por parte das autoridades competentes também não deixa de ser importante, uma vez que o desmatamento é uma péssima “propaganda” de nossos biocombustíveis “lá fora”, o que pode dificultar parcerias com outros países, prejudicando o acesso a novas tecnologias e conhecimentos sobre o assunto. Para tanto, uma política de mapeamento agrícola se faz pertinente.
Além do ambiental, o lado humano também não pode ser deixado à mercê do capitalismo predatório que há muito tempo vem sugando milhares de vidas no campo: o Governo não pode “fazer vista grossa” para as condições dos diversos trabalhadores rurais espalhados Brasil afora – uma punição mais rigorosa àqueles que desrespeitam os diretos humanos deve ser tomada, não se limitando a exclusões a certos programas de fomento de origem governamental.
Incentivos fiscais mais abrangentes certamente estimulariam a produção de Biodiesel no Brasil - basta olhar o exemplo do desenvolvimento do etanol no País.
Para o Brasil se tornar o referencial na produção e no desenvolvimento não só do Biodiesel, mas também de outras formas de biocombustível, as amarras devem ser soltas e as âncoras levantadas. Não podemos ficar para trás!
19 de março de 2009
Autor: Daniel D. S. Raddi
Graduando do 4º Ano em Ciências Econômicas - UNIFAE
Coautor e Orientador: Gilberto Brandão Marcon
Professor da UNIFAE, Presidente do IPEFAE, Economista, pós-graduado em Economia de Empresas, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação.