Concentração Bancária : A Fusão Unibanco com o Itaú




A crise financeira que estourou a partir do segundo semestre de dois mil e oito, além de ter gerado enormes prejuízos nos mais variados setores econômicos, também gerou uma enorme mudança nos segmentos financeiros. Um exemplo disso foram os grandes números de fusões ou aquisições ocorridas entre os bancos. Caso recente no Brasil foi a fusão do Unibanco com o Itaú e no mundo a compra do banco de investimento americano Merrill Lynch pelo Bank of América.
Aparentemente situações similares, o fato é que temos dois conceitos distintos, um antes da crise onde os bancos compravam ou se fundiam com os concorrentes graças à fartura de capital barato e do otimismo gerado pelo crescimento sem precedentes da economia mundial, e o outro com a crise cuja preocupação passou a ser o medo do colapso do sistema bancário mundial. No primeiro caso a concentração visa antes à expansão, enquanto no segundo, o foco está na sobrevivência dos confrontos de mercado.
Mas nosso foco será direcionado na análise do surgimento do megabanco brasileiro sendo comentado o ponto de vista no conceito pré-crise. Afinal a fusão do Unibanco com o banco Itaú teve como objetivo mais do que uma reestruturação do mercado bancário, a negociação concretizada pela família Setúbal (banco Itaú) tem como foco ser um dos primeiros do ranking mundial, onde atualmente se encontra na 16ª posição com valor de mercado na casa dos US$ 45 bilhões, ainda longe de grupos como o espanhol Santander, 9º no ranking e com valor de mercado na casa dos US$ 67 bilhões, ou do grupo americano Bank of América, 5º no ranking e com valor de mercado na casa dos US$ 118 bilhões, segundo informações da Bloomberg e Thomson Reuters.
No entanto, o surgimento deste megabanco brasileiro não chegou a provocar no mercado internacional uma inquietação, pois o grupo tem no exterior apenas uma parcela modesta dos seus ativos, cerca de 8%. Mas para o presidente do Itaú, Roberto Setúbal, o banco adquiriu uma importante base de capital que servirá para crescer e comprar novos bancos no exterior, além do mais, a missão agora deste megabanco será ter espaço nos países emergentes.
Porém, a princípio o crescimento dar-se-á em alguns países da América Latina, tais como: México, Colômbia, Argentina, Peru e Chile.
Já com relação ao mercado nacional, o fato produziu efetiva movimentação, afinal o grupo Itaú Unibanco passou a ser o primeiro no ranking nacional dominando juntos 20% dos ativos do mercado. Aqui dentro a inquietação foi grande, visto que após a fusão ter sido anunciada, o banco Santander reuniu seus funcionários e já começou a traçar metas e objetivos, e ainda um pacote de investimentos no valor R$ 2,6 bilhões para os dois anos seguintes, cuja meta, é claro, será passar o Itaú.
O Bradesco, que antes ocupava o primeiro lugar deste ranking, ficou sem muitas opções de compra, pois o governo federal acabou por abocanhar a sua melhor oportunidade de compra, que foi a aquisição do banco estadual Nossa Caixa pelo Banco do Brasil.
Todos estes confrontos na tentativa de ser o primeiro no ranking e de extinguir a concorrência faz com que os grandes bancos possam, através das respectivas políticas oligopolísticas, estabelecer um alto patamar de taxas de juros, assim como cobrarem caro os serviços por eles ofertados, prejudicando e gerando decepção por parte dos usuários que, na ausência de maior concorrência, acabarão por se tornar reféns destas instituições.
Exemplo disto verifica-se nas agências de telefonia, quando atuam em mercado com estrutura similar, impondo aos usuários a submissão, mesmo quando estas ferem claramente os seus interesses. Do mesmo modo ocorre com os bancos, não sendo por acaso os dois setores citados serem líderes de reclamações junto ao PROCON.
Portanto, é preciso que o gestor público esteja atento para tal situação, de forma a evitar que a tendência contínua de concentração acabe por criar um consumidor indefeso, contrariando, desta forma, o sagrado exercício da cidadania.

21 de março de 2009


Autor: Anor dos Santos Teixeira
Graduando do 4º ano de Ciências Econômicas.
Coautor e Orientador: Gilberto Brandão Marcon
Professor da UNIFAE, Presidente do IPEFAE, Economista, pós-graduado em Economia de Empresas, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação.

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