Produção de Commodities - A Reengenharia do Crédito para o Agronegócio




Nosso país iniciou, na década de 70, uma nova era da agropecuária, quando as áreas de cerrado brasileiro começaram a ser exploradas de modo empresarial. O uso de novas tecnologias proporcionou ganhos de produtividade e eficiência. Essa revolução agrícola foi o embrião do que chamamos de agronegócio brasileiro.
Podemos dizer que agronegócio é toda relação comercial e industrial que envolve a cadeia produtiva agrícola e pecuária; é um termo bastante abrangente e sua importância para o Brasil pode ser avaliada pela participação de 25% no PIB total.
Nossa área agricultável disponível é bastante significativa, estimada em 152,5 milhões de hectares (17,9% do território), e é invejada mundo afora; mas apenas 62,5 milhões de hectares (41% da área total disponível) são utilizadas.
Com esses números, podemos afirmar que o Brasil tem plenas condições de se transformar em um dos principais produtores e exportadores mundiais de commodities agrícolas, graças a essa incrível quantidade de área agricultável disponível, aos baixos custos de produção e de mão-de-obra e também a um sistema jurídico e político que procura incentivar a agropecuária.
Ainda que com muitos problemas, o Brasil tem tido um bom crescimento do agronegócio e tem condições plenas, a médio prazo, de crescer ainda mais, dobrar a capacidade produtiva e conquistar o domínio da maioria dos mercados de commodities mundial.
Para que essa meta se concretize é necessário que todos da cadeia produtiva se encaixem em uma nova realidade do setor agropecuário.
Temos que abrir uma ampla discussão sobre o impacto do crédito agrícola no crescimento do agronegócio e propor uma reengenharia no processo de estruturação das operações financeiras rurais.
A solução, com certeza, começa com um crédito rural planejado. O crédito rural é resumidamente o fornecimento de recursos financeiros por entidades públicas ou estabelecimentos de crédito particulares a produtores rurais com a finalidade de promover o agronegócio. Uma definição simples, porém devido às particularidades da agropecuária brasileira, as operações de crédito rural muitas vezes entram em uma situação de risco alto demais para o setor financeiro.
As operações de crédito rural, uma vez modernizadas, adequadas aos padrões internacionais e distribuídas planejadamente, poderão direcionar um crescimento ordenado de todos os setores agrícolas.
Novos títulos têm sido desenvolvidos para financiar as operações de crédito rural, mas essas linhas criadas até agora têm se mostrado insuficientes para atender toda a demanda e promover um crescimento ordenado e sustentado no Brasil.
Há que se destacar que o comércio global de commodities agrícolas se expandiu consideravelmente nos últimos anos e acabou proporcionando um grande movimento especulativo nesses mercados.
Esse aumento do comércio mundial fez surgirem grandes oportunidades, porém com grandes riscos, em todos os elos da cadeia de suprimentos de produtos como açúcar, algodão, etanol, soja, suco e café.
Este novo cenário pede mudanças nas transações financeiras agrícolas em todos os setores do mercado de commodities. É extremamente necessário que um novo projeto seja desenvolvido para organizar e simplificar o financiamento do agronegócio, criando alternativas estruturadas para minimizar o impacto da variação cambial, definindo regras claras e eficientes para arbitragem e resolução de disputa, fazendo com que as implicações jurídicas e regulatórias das transações comerciais que envolvem as commodities agrícolas não obstruam a busca da liderança do Brasil no agronegócio mundial.
O governo federal, que conhece bem a importância do agronegócio para o Brasil, está atento e, segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento , Reinhold Stephanes, formou no dia 16-12-2008 um grupo de especialistas para formular uma nova política de crédito para o setor rural. Segundo Stephanes, o atual modelo está esgotado e, para garantir o futuro da produção agrícola, é necessário reestruturar as políticas de crédito e de preços e o seguro rural.

22 de março de 2009


Autor: Guilherme Carvalho de Noronha
Agropecuarista e Graduando do 4º Ano de Ciências Econômicas do UNIFAE

Coautor e Orientador: Gilberto Brandão Marcon
Professor da UNIFAE, Presidente do IPEFAE, Economista, pós-graduado em Economia de Empresas, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação.

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