A Evolução do Conceito de Eficiência para o de Eficácia na TGA




Uma das contraposições mais observadas no meio da administração é a diferenciação dos conceitos de eficiência e eficácia. Porém, de modo geral não se comenta que foram criados em condições históricas diferentes, visando vencer os desafios da gestão em momentos diferenciados, encontrando entre o surgimento de ambos algo em torno de 20 anos.
No que tange o conceito de eficiência, ele é trazido para TGA pela escola da Administração Científica de F. Taylor, entre o final do século XIX e o início da segunda década do século XX. É um conceito antes focado na linha de produção, na empresa que ainda estava mais preocupada com a produção da oferta do que com o consumidor.
Historicamente surge num momento de intensa concorrência de um capitalismo que já passara por duas revoluções industriais e, segundo a avaliação de seus críticos, assumia a sua fase amadurecida de alta concentração de capital, com o capital industrial se unindo ao capital bancário para formar o capital financeiro. É o momento dos trustes e cartéis, e também do imperialismo da Europa Ocidental, onde o velho líder britânico com seu grande império se vê afrontado pela ascensão da potência do estado alemão, já integrado, disputa que alimentaria a caldeira de fatos que acabariam por produzir a Primeira Guerra Mundial.
Seja como for, o que temos neste momento é uma concorrência onde se busca ter o melhor produto, centrada na visão de oferta, e focada, portanto, no ambiente interno da empresa, prevalecendo como fator de incremento de demanda o chamado esforço de venda, onde prevalece o interesse do ofertante. A Revolução Industrial surgiu a partir do impulso gerado pela escassez de mercadorias, advindo do período do mercantilismo, onde o comércio internacional desenvolve-se produzindo uma demanda potencial cada vez maior, criando condições para a evolução da produção, visando converter tal potencial em demanda efetiva.
Assim, a visão de eficiência se associa à evolução desencadeada pela escassez de mercadorias que, à medida que era solucionada, intensificava a concorrência. E a eficiência foi o meio encontrado e sugerido por Taylor para aumentar a produtividade, conceito este que o engenheiro mecânico, Pai da Administração, foi buscar com o professor acadêmico, Adam Smith, Pai da Economia: a produtividade inerente à organização social do trabalho, que posteriormente foi potenciada pela evolução tecnológica.
Tal visão haveria de mudar à medida que a escassez de mercadoria fosse se transformando em abundância. Possivelmente ocorreria na segunda década do século XX; não a solução deletéria da Primeira Guerra Mundial, que pela destruição gerou novas oportunidades via posterior reconstrução, protelando a questão da abundância excessiva de produção para eclodir no final da década seguinte, em 1929, aí construindo um novo tipo de mercado caracterizado pela abundância produtiva. Era o prenúncio do fim da era da visão ofertante de mercado.
É momento de crescimento das teorias que incorporavam o fator trabalho de modo mais humano na gestão administrativa. Iniciava-se a era de uma nova vertente da TGA, a Escola de Relações Humanas. A administração nascida nas mãos de engenheiros e inspirada pela economia ganhava o acréscimo dos psicólogos. O “homem boi” de Taylor ganhava contornos primitivos, a força política do fator trabalho se desenvolve. Já não quer estudar apenas a ação do homem, mas suas motivações; é preciso conhecer o material humano para saber lidar com ele. No mais, a empresa precisa se abrir para o ambiente externo, mudar o seu foco. Neste sentido é que a APO de Drucker, nos anos 40, retifica a direção. A administração, por objetivos, modifica a visão da melhor maneira de produzir da eficiência, para melhor maneira de se atender a um objetivo estabelecido, sinônimo de eficácia. Ora, isto para a empresa significa conhecer o seu meio externo, o mercado onde ela atua, e conhecer o mercado é conhecer o consumidor. É assim que o foco da empresa se volta cada vez mais para o mercado, e nesse sentido se começa a mudar a diretriz do ofertante-produtor em favor do consumidor. Novamente é o elemento humano o foco de estudo, daí ser preciso conhecê-lo, e para tanto o indicador passou a ser as suas necessidades. Agora se uniam os sociólogos e psicólogos sociais na construção da TGA, abrindo caminho para a evolução do Marketing e do Planejamento.
No entanto, quando se propõe uma evolução histórica para os conceitos não se pretende dizer que um deve ser usado e outro não.
Na verdade, o bom funcionamento de uma empresa depende da interação dos dois aspectos, com a eficiência sendo ponderada pela eficácia, sendo ministrada a dose de remédio na proporção da doença empresarial acusada pelos seus sintomas. Eficiência e eficácia: dois bons remédios; basta saber usar.

04 de abril de 2009


Gilberto Brandão Marcon, Professor da UNIFAE, Presidente do IPEFAE, Economista, pós-graduado em Economia de Empresas, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação.

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